O calor intenso registrado na maior parte do país, com sensação términa superior a 40 graus Celsius no Rio de Janeiro, nas últimas semanas, é um alerta para o perigo da desidratação nesta época do ano, disse hoje (27) à Agência Brasil o diretor da Sociedade de Cardiologia do Estado do Rio de Janeiro (Socerj), Cláudio Tinoco.

Segundo o cardiologista, as pessoas têm que evitar fazer atividades físicas ao ar livre, expostas ao sol, no período das 10h às 15h, “que são os horários de pico de incidência de raios ultravioleta e de maior calor.

A pessoa deve se hidratar antes, durante e após as atividades físicas, preferencialmente com água”. Quando a atividade física se prolonga por mais de uma hora e ocorre perda substancial de líquido, a recomendação é que a pessoa faça reposição de água e também dos sais minerais perdidos.

Suco de laranja e de abacaxi, água de coco, além das bebidas isotônicas, que têm mistura de sais minerais e carboidratos, são algumas opções para a reposição dos sais minerais.

Cláudio Tinoco destacou, contudo, que as bebidas isotônicas não substituem a hidratação convencional. Ele advertiu que, devido à presença de carboidratos, elas podem causar aumento de peso, quando a pessoa toma em excesso, sem realizar exercícios físicos.

Os isotônicos, acrescentou o especialista, são indicados para situações específicas, quando ocorre perda substancial de água e de sais minerais. O principal isotônico conhecido pela população é o soro caseiro, que resulta da mistura de água e sal. Se a pessoa não teve sudorese importante e praticou atividade física de curta duração, “não tem necessidade disso”, salientou Tinoco.

O médico lembrou também que pessoas com hipertensão arterial não devem fazer uso excessivo de bebidas isotônicas porque, pela presença do sal e do sódio, podem contribuir até para o aumento da pressão arterial. “Pedimos parcimônia no uso do isotônico e para não confundi-lo com energético, uma confusão que se faz com bebidas estimulantes, que têm uma quantidade grande de substâncias que aceleram o metabolismo, o sistema nervoso central, como as bebidas que apresentam quantidade grande de cafeína”, explicou. Antes de começar a praticar exercícios físicos, é preciso passar por uma avaliação médica, ressaltou o cardiologista.

Uma série de doenças cardiovasculares tem como prevenção o uso regular de exercícios físicos, que contribuem para o controle do peso, a redução da pressão arterial, o controle da glicose no indivíduo com diabete, a redução do colesterol e dos triglicerídeos no sangue, e para a melhora do funcionamento do coração em doenças que comprometam a circulação das artérias coronárias. “Tem muitas indicações, mas, como tudo o que se faz para melhorar a saúde humana, existe uma dose. E, quando se usa de modo exagerado ou sem os cuidados adequados, pode gerar risco”, adverte. No verão, um dos principais riscos está associado à hidratação.

Segundo Tinoco, quando a pessoa tem uma desidratação acima de 2% do volume de líquidos do corpo, o sistema cardiovascular já começa a sofrer uma sobrecarga, com aumento do número de batimentos cardíacos e estresse sobre o coração. Quando a desidratação atinge 6%, que é uma perda substancial de líquidos, o estresse sobre o sistema cardíaco é ainda maior. “Em pessoas que têm problemas cardíacos, como história de infarto, angina de peito, obstrução na artéria coronária, isso pode ser um risco maior de complicações cardíacas.

Essas pessoas têm que ser avaliadas por um médico antes de fazer atividades físicas.” A frequente variação da pressão arterial das grávidas durante o verão, com tendência baixa, também preocupa médicos e especialistas. O problema pode se acentuar em períodos de intenso calor, destacou o ginecologista obstetra Antonio Paulo Stockler, do Hospital Universitário Antonio Pedro, da Universidade Federal Fluminense (UFF). “Nesta época de calor intenso, [a variação da pressão arterial] pode se acentuar ainda mais.

O calor provoca uma vasodilatação, e isso faz com que a pressão caia ainda mais.” Mestre em saúde coletiva pelo Instituto de Medicina Social da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), Stockler recomendou que as grávidas se protejam adequadamente contra o sol e se hidratem bastante para se prevenir contra as temperaturas elevadas. O presidente da Sociedade Brasileira de Angiologia e de Cirurgia Vascular, Pedro Pablo Komlós, alertou para outro problema que pode afetar mulheres grávidas, além de idosos e pessoas obesas e sedentárias, que é o inchaço nos membros inferiores.

Segundo Komlós, é normal que, no verão, as veias se dilatem. “O calor é um elemento vasodilatador. Todas as veias no verão se dilatam. Com isso, há um aumento do sangue venoso, uma diminuição do retorno e um acúmulo de líquido nas extremidades. É normal que dentro de um determinado grau, para diferentes pessoas, haja um edema.” A preocupação, acrescentou o médico, é quando esse inchaço é súbito e nas extremidades. “[Nesses casos,], nós podemos estar falando de uma doença, que é a trombose”, alertou.

Fonte: Agência Brasil

2020 © Copyright - Hospital Daniel Lipp

Abrir no WhatsApp
Precisa de ajuda?
Olá!
Quero saber mais sobre o Daniel Lipp.